No Reino Unido, cabelo vermelho é geralmente associado com pessoas de
ascendência Celta, isto é, Escócia e Irlanda. Acredita-se
que o povo da Escocês descende de 5 diferentes grupos étnicos que ocuparam ou
invadiram o norte da Grã-Bretanha na idade das trevas. Em
todo a história registrada, ruivos nunca foram mencionados como um grupo,
exceto pelos romanos.
Os “Pictos”, inimigos com quem os romanos lutaram, foram descritos como
tendo cabelos vermelhos e "grandes membros" pelo historiador romano
Tácito. Já
os historiadores modernos, com a ajuda de antropólogos, consideram o cabelo
vermelho como a única característica dos Pictos.
Quanto à distribuição mundial dos indivíduos
de cabelos vermelhos, seria plausível afirmar que a maioria pode ter origem na
região Norte da Europa Ocidental, embora, como em todas as variações genéticas
de seres humanos, as mutações nos genes podem ocorrer e serem
mantidas em qualquer população, desde que não haja efeito negativo para o
crescimento populacional.
Quanto às razões para o vermelho cabelo, não é fácil de perceber qualquer
vantagem seletiva imediata em termos de evolução. Veremos,
então, algumas informações sobre a genética por trás do cabelo vermelho, que
poderá nos ajudar a entender o porquê não há tanta vantagem evolutiva por ser
ruivo:
A variação da pigmentação tanto da pele quanto do cabelo é definida pela quantidade
de eumelanina (melaninas marrom/preta) e feomelanina (melaninas vermelho/amarelo)
produzidas pelos melanócitos.
O melanocortina-1 receptor (MC1R) é um regulador da produção de eumelanina
e feomelanina nos melanócitos e mutações
nesse gene são conhecidas por causar alterações na cor da pelagem em muitos
mamíferos. Estudos
sobre populações irlandesa e holandesa demonstram uma significativa associação nas
variações no gene MC1R e os cabelos vermelhos.
Além disso, as chamadas mutações 'de perda de função' no gene MC1R humano
são conhecidas por serem comuns e, recentemente, por ter comprovada sua associação
com os cabelos ruivos. Ainda, pesquisas recentes mostraram que algumas
variantes no gene MC1R podem ser preferencialmente associadas com a cor do
cabelo, em vez do tipo
de pele (isso explica porque ruivos não precisam ser necessariamente bem branquinhos).
Assim, por razão da função primária dos tipos de melanina ser de “fotoproteção”
e de ”fotossensibilizante” (eumelanina e feomelanina respectivamente), dá para
se sugerir que a maioria das mutações no gene MC1r (ruivos) representam um fator
de risco, possivelmente independente do tipo da pele, por representar uma maior
suscetibilidade ao melanoma.
Então por que as mutações ocorreram? Talvez
porque não houve seleção contra tais mutações, por terem ocorrido naquela
região do mundo (norte europeu). Quaisquer mutações no gene MC1R não tiveram
tanta relevância, considerando as baixas temperaturas e pouca insidência da luz
solar na região, não causando danos, apesar da diminuta proteção da melatonina.
Isso pressupõe que as mutações do MC1R, se ocorressem em regiões de clima
quente, o que é bastante improvável, resultariam em altas taxas de mortalidade
de indivíduos ruivos antes que estes alcançassem a idade da paternidade. Fora
isso, não tem como se pensar em nenhuma outra razão para sugerir o porquê de os
cabelos vermelhos terem se originado no norte da Europa a não ser por conta
do acaso.